E se o final de semana ganhasse um dia a mais? Adeptos da tradicional escala 5×2, composta, em geral, por trabalho de segunda a sexta com folgas aos sábados e domingos, têm visto com bons olhos a nova escala 4×3, em que a divisão da semana recebe um pouco mais de equilíbrio entre os dias trabalhados e aqueles destinados ao descanso.
Mas se para alguns a ideia parece uma utopia distante, vale saber que grandes empresas ao redor do mundo estão testando a novidade. Já foi a vez de unidades da Microsoft, da Unilever e, no Brasil, da Zee.Dog e da Crawly experimentarem a chamada semana reduzida. O objetivo? Oferecer mais qualidade de vida aos colaboradores e aumentar a produtividade. E olha que o sonho pode ser possível. Saiba mais.

Resultados da escala 4×3
Um dos lugares que mais tem se destacado na implementação da escala 4×3 é a Islândia. Entre 2015 e 2019, cerca de 1% da população ativa do país europeu testou a novidade, em um experimento conduzido pelo próprio governo. De 40 horas semanais, boa parte dos trabalhadores se viram atuando 35 – com a remuneração mantida –, e relataram se sentir menos estressados e conseguir equilibrar melhor a vida pessoal com a profissional.
Mas e as entregas? Muita gente se pergunta se o fato de trabalhar menos tempo não gera o risco de atrasos em tarefas importantes. Para quem experimentou a escala 4×3, no entanto, a lógica não é bem essa. A grande questão é que as empresas têm entendido que trabalhadores mais descansados produzem mais e melhor.
E não pense que essa é uma percepção atual. O próprio modelo de trabalhar oito horas por dia, cinco dias por semana surgiu por conta disso. Proposto por Henry Ford na indústria automobilística por volta dos anos 1920, esse sistema foi uma novidade na época, contrapondo jornadas de 15, 16 horas diárias que os trabalhadores faziam, durante seis dias seguidos. Assim, quanto menos sobrecarregados, mais produziam.
Tanto é que existem teorias antigas sugerindo que nos próximos anos a tendência seja mesmo trabalhar menos tempo. Afinal de contas, produtividade não tem a ver com a quantidade de horas trabalhadas e tampouco com um controle rígido de supervisão – o que ficou bem claro durante a pandemia, em que o trabalho remoto e híbrido, em um modelo flexível, se destacou.
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Como implementar a escala 4×3
As regras trabalhistas brasileiras determinam que o trabalhador cumpra até 44 horas semanais. O que é imposto, portanto, é um limite, e a divisão desse tempo ao longo da semana pode ser feito de diversas formas, em diferentes escalas de trabalho. Portanto, é possível adotar a escala 4×3.
Mas vamos lá para detalhes importantes. Estamos falando de uma jornada especial, que implica em redução da jornada de trabalho tradicional, portanto, ao invés de 44 horas semanais cumpridas, serão 32 (oito horas diárias, durante quatro dias; ou, no máximo, quatro dias de 10 horas). E para implementá-la, é preciso autorização do sindicato da categoria. Trata-se de uma jornada atípica, e hoje apenas determinados segmentos autorizam sua prática.
Então, supondo uma empresa que adote uma escala 5×2 e queira mudar para 4×3, na nova escala não serão mais trabalhadas 44 horas semanais e, por lei, não pode haver redução de salário, a não ser que seja assinado um novo aditivo no contrato de trabalho com anuência do sindicato da categoria (caso de compensação salarial proporcional).
“Respeitando a CLT, convenções coletivas e acordos coletivos, dá para implementar. Também é importante verificar quantas horas por dia serão trabalhadas, e se no mês não ultrapassam 220 horas”, resume a advogada trabalhista Fabiana Salateo, colunista do Escala.
Lembrando que a reforma trabalhista trouxe a possibilidade de trabalho em regime de tempo parcial, caracterizado pelo limite de 30 horas semanais (ou de 26 com até seis horas extras). Mas há regras específicas válidas para esse modelo, que podem ser consultadas no Art. 58 da CLT.
Portanto, para quem gostou da ideia da escala 4×3, a dica é buscar respaldo jurídico para avaliar as possibilidades. Afinal, será preciso fazer alterações no contrato de trabalho e pensar em outros fatores, como se a compensação salarial será reduzida, caso em que é necessário aprovação sindical, como já mencionado.
E para se manter informado sobre escalas de trabalho e tendências em gestão de pessoas, acompanhe o blog do Escala. Gestão inteligente de trabalho é o que não falta por aqui!