Conhecido como Dia do Trabalho, 1º de maio é muito mais que um simples feriado. Trata-se, de fato, de uma data a ser celebrada por todos os cidadãos, uma vez que carrega uma expressiva relevância histórica quando falamos sobre a conquista de direitos dos trabalhadores. Tanto que o mais adequado seria se referir a ela como o Dia do Trabalhador, homenageando os verdadeiros protagonistas. Vamos conhecer melhor essa história?

Como surgiu o Dia do Trabalho?
A história se inicia nos Estados Unidos do século XIX, em uma época posterior à Revolução Industrial, em que os trabalhadores, ainda com seus direitos muitos reduzidos, possuíam uma jornada extenuante de trabalho de até 18 horas em condições desumanas e insalubres.
Não havia a previsão de descanso semanal, salário mínimo e nem mesmo férias e, então, em 1884, a Federação dos Trabalhadores dos Estados Unidos passa a reivindicar as “oito horas para o trabalho, oito horas para dormir e oito horas para a casa”.
Vale lembrar que em 1868 o presidente Andrew Johnson já havia publicado a lei da jornada laboral de oito horas. Entretanto, os empresários não ficaram satisfeitos e tiveram grande resistência para aplicar a nova lei, seja por não quererem abrir mão dos lucros obtidos a partir da exploração excessiva da mão de obra operária, ou até, em alguns casos, por total desconhecimento da norma.
E o não cumprimento da lei gerou inúmeras revoltas. Uma das mais marcantes iniciou em 1º de maio de 1886, que foi uma greve geral nos Estados Unidos em que operários exigiam a jornada de trabalho de oito horas sem redução do valor de seus salários. “Eight-hour day with no cut in pay” (diária de oito horas sem redução no pagamento) era o lema de quase meio milhão de trabalhadores.
Atos de repressão policial marcaram o movimento, e o resultado foi um crescimento das manifestações nos Estados Unidos e no mundo todo, fazendo com que as pessoas começassem a discutir com mais seriedade a questão da liberdade de manifestação do trabalhador para poder reivindicar os seus direitos.
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E por que o dia 1º de maio é o Dia do Trabalho?
Em 1889, durante o Congresso Internacional de Paris, que reuniu partidos socialistas, trabalhistas, anarquistas e operários do mundo todo, estabeleceu-se o dia 1º de maio como o Dia Internacional do Trabalhador em homenagem aos Mártires de Chicago, grupo de sindicalistas mortos durante as repressões aos movimentos nos Estados Unidos.
No Brasil
Por sua vez no Brasil, com a abolição da escravatura no final do século XIX e início do século XX, e a vinda de imigrantes europeus para reforçar o trabalho nas lavouras, os ideais anarquista e socialista (que almejavam uma sociedade mais igualitária e justa) passaram a influenciar uma mudança social rumo à conquista de direitos também aos trabalhadores.
A Greve Geral de 1917, em que operários de São Paulo paralisaram suas atividades durante cinco dias reivindicando melhores condições de trabalho e aumento de salário, influenciou o cenário político brasileiro no decorrer dos tempos.
As exigências dos trabalhadores grevistas foram atendidas e no ano de 1925 o então presidente Artur Bernardes assinou um decreto instituindo o dia 1º de maio como o Dia do Trabalhador a ser comemorado aqui no país também.
Para completar, o dia 1º de maio de 1943 foi mais um marco para os trabalhadores brasileiros. Escolhida propositalmente por sua representação, foi a data em que o presidente Getúlio Vargas assinou o Decreto-Lei nº 5.52, mais conhecido como a Consolidação da Leis do Trabalho, ou simplesmente CLT, que regulamenta o trabalho formal e estabelece regras acerca das relações trabalhistas.
E é por todo esse contexto, de lutas por melhores condições de trabalho – que se acentuaram no século XIX e cresceram muito através dos movimentos organizados por sindicatos no século XX –, requerendo e clamando por mais dignidade e respeito aos trabalhadores, que permitiram as conquistas de condições de vida e de trabalho existentes nos dias de hoje. Assim surgiu o Dia do Trabalho.